Quanto vale um ✅ ao lado do nome?

A Black Friday tá chegando. E se você ver um anúncio numa rede social daquele produto que você quer por um preço incrível, como confirmar que ele realmente é de uma loja confiável? Procure pelo selo de verificação ao lado do nome.

Estamos numa transição presidencial após a eleição mais disputada da história, que ainda tem o seu resultado contestado por algumas pessoas. Como se certificar, em meio a isso, que a notícia aparecendo na tela é de uma fonte confiável? Procure pelo selo de verificação ao lado do nome.

Menos no Twitter.

A rede social, agora sob o comando de Elon Musk, oficializou ontem os novos rumos do conhecido selo azul que, até agora, servia para certificar que empresas, figuras públicas e outros perfis relevantes realmente fossem quem dizem ser.

Daqui pra frente, o selo de verificado (que sim, continua a ser chamado por esse nome) é um dos benefícios do Twitter Blue, uma assinatura que traz benefícios para usar a plataforma, como a edição de tweets já publicados e ícones customizados para o aplicativo. E, para marcar a novidade, veio junto um reajuste: ela agora custa oito dólares (cerca de 40 reais) por mês, três a mais que o preço definido no último reajuste, feito há três… meses.

Captura de tela do perfil no Twitter da Folha de São Paulo. Ao lado do nome, um selo de verificado. Abaixo, o username e, mais abaixo, um outro selo de verificação, apenas com o seu contorno e a marca de verificação ao meio, com o texto "Oficial" ao lado.
Era para ficar assim, mas o Musk não quis.

Um “remendo” pra continuar mantendo algum tipo de verificação apareceu ainda na manhã de ontem: um novo selo, de menor destaque visual, com o texto “Oficial” do lado. Que sumiu pouco depois porque o novo dono da birosca quis.

E, neste momento em que escrevo isso, não há nenhuma diferença visual entre o perfil oficial de um banco que usa o Twitter para prestar suporte e o de um fraudador que tope pagar os oito dólares para enganar algum desavisado que não acompanhou as novidades da rede na última semana. Sim, eu sei que o Twitter Blue ainda não chegou oficialmente ao Brasil, mas isso não é nada que um VPN e um cartão internacional não consigam resolver.

Elon Musk, nessa brincadeira, subverteu o que talvez seja uma das mais sólidas convenções de design das redes sociais. Mesmo no Tinder, que possui um recurso mais amplo para ter o tal selo, ainda é necessário provar em foto que você é você mesmo para conseguir um ✅ ao lado do seu nome. Já o novíssimo Twitter Blue dispensa qualquer tipo de verificação do perfil. Bem, na verdade eles verificam se o seu cartão de crédito funciona.

Preciso destacar que não tenho nada contra algum destaque visual pra falar que você tem dinheiro sobrando para pagar por aquilo. O nosso bom e velho last.fm faz isso no seu plano Pro. Até porque a gente sabe que ostentação é um negócio que dá dinheiro. O problema é alterar, praticamente da noite pro dia, um padrão vigente há mais de treze anos, sem dar um aviso adequado aos milhões de usuários do Twitter.

Publicação de um perfil com o selo de verificado, no nome da Nintendo, mostrando o famoso personagem Mario exibindo o dedo do meio. Sim, aquele da ofensa.
Mas o que é isso, Mario?!

Como era possível imaginar, a coisa virou bagunça e perfis com o selo de “verificado” trouxeram absurdos publicados no nome da Nintendo, de LeBron James e de Donald Trump. Até Jesus Cristo agora está verificado. O Twitter jura que persegue as contas falsas, mas dá pra imaginar o estrago que um perfil “verificado” pode fazer em algumas horas, ainda mais nesse período onde todo mundo ainda está se acostumando com essa novidade.

Há quem diga que uma possível fuga de anunciantes do Twitter talvez coloque a cabeça de Musk no lugar e o faça repensar essa ideia. Mas aqui vai mais uma má notícia: estamos falando de um gazilionário que não tem problema em perder dinheiro. “O Twitter fará muitas coisas estúpidas nos próximos meses”, disse o próprio. A quem fica por lá (onde me incluo, adoro aquele lugar), desejo o meu mais sincero boa sorte e que Deus tenha misericórdia dessa rede social.

E que esse negócio de poder pagar por selo de verificado não vire moda por aí.


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